Criar uma agenda ESG significa definir os passos necessários para alcançar a sustentabilidade empresarial, um requisito cada vez mais relevante no mercado.
As pautas ESG estão entre as cinco principais prioridades dos investidores brasileiros, sendo a governança corporativa eficaz, considerada a mais importante entre os três pilares, com 54% – ocupando o terceiro lugar do ranking geral.
Em seguida, aparece a segurança e a privacidade de dados, com 53%. A redução de emissões dos gases de efeito estufa aparece na sequência, com 41%. A inovação surge como principal item, sendo considerada prioridade máxima para 90% dos investidores entrevistados.
Mas o que é a Agenda ESG?
A sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance, que significa Ambiente, Social e Governança. A agenda ESG, portanto, é um conjunto de práticas criadas com o objetivo de orientar as empresas para ações mais sustentáveis. O conceito se relaciona aos esforços de uma organização para adotar atitudes de consumo mais conscientes e alcançar a sustentabilidade empresarial.
O termo surgiu pela primeira vez durante uma iniciativa liderada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 2004, com participação de instituições financeiras de nove países, incluindo o Brasil. Na ocasião, foram estabelecidas recomendações para que as empresas pudessem melhorar a integração das questões ambientais, sociais e de governança. Desde então, as pautas têm ganhado força no mercado corporativo e no planejamento estratégico das companhias.
Quais são as práticas cobertas pela agenda ESG?
As práticas presentes na agenda ESG precisam ser monitoradas por indicadores, com coleta de dados e mensuração dos resultados, por meio da análise de informações coletadas. Tal mensuração apontará o comprometimento com as pautas, assim como o sucesso das ações aplicadas. Para isso, é necessário conhecer os objetivos de cada um dos três pilares para gerenciá-los com eficiência.
Meio Ambiente
O pilar relacionado às questões ambientais, representado pela letra “E”, engloba ações para reduzir os impactos ao meio ambiente, assim como as atitudes destinadas à proteção ambiental.
Alguns exemplos de medidas que podem ser adotadas:
– adoção de práticas de economia circular;
– investimento em fontes renováveis de energia;
– ações para o uso consciente de recursos naturais;
– criação de políticas voltadas para o uso e descarte correto de resíduos;
– comprometimento com a redução da emissão de gases que causam o efeito estufa.
Social
O critério social, representado pela letra “S”, diz respeito às relações com as pessoas envolvidas em suas operações, como colaboradores, fornecedores e investidores.
Esse indicador considera o tratamento oferecido pela empresa e as ações implementadas com o objetivo de gerenciar ou promover esses relacionamentos. O pilar também avalia os impactos dessas práticas para os clientes que consomem produtos ou serviços da empresa, bem como para a comunidade de maneira geral.
O foco social inclui atitudes como:
– valorização do capital humano;
– políticas de inclusão e diversidade;
– segurança e privacidade de dados;
– investimento no desenvolvimento e bem-estar dos colaboradores;
– investimento em projetos socioambientais destinados à comunidade.
Um dos grandes aliados na promoção do bem-estar dos colaboradores e no desenvolvimento dos mesmos, é o Sistema DIBE. Com ele é possível coletar dados estratégico, mensurar as evoluções dos profissionais e implementar ações mais assertivas, visando obter a melhor performance no trabalho.
Governança Corporativa
Representado pela letra “G”, esse pilar está diretamente ligado à gestão da empresa, ou seja, às práticas administrativas por ela adotadas. Isso inclui questões de compliance, regularidade e conformidade com leis e regulamentos aplicáveis à organização, como a cobrança de tributos e as normas da Lei Geral de Proteção de Dados, por exemplo.
Seguindo esse critério, algumas práticas incluem:
– políticas e práticas anticorrupção;
– prestação transparente de contas;
– relatórios honestos aos investidores;
– comitês internos de auditoria e compliance;
– divulgação de políticas de remuneração e promoção.
Os dados gerados pelo Sistema DIBE também se tornam aliados na elaboração dos relatórios de Governança, por serem elaborados pelos próprios colaboradores, com transparência e honestidade, o que fortalece ainda mais, esse pilar, que é o mais valorizado pelos investidores.
E o que as empresas ganham seguindo a agenda ESG?
Existem diversos benefícios competitivos, que podem impactar positivamente diferentes áreas do negócio. Desempenho financeiro, reputação positiva, colaboradores engajados e inovação são algumas das vantagens.
O foco no desenvolvimento sustentável pode otimizar a gestão da empresa, por isso os pontos positivos podem ser sentidos em diferentes setores. Confira os principais benefícios que uma organização pode sentir.
Redução de custos
A sustentabilidade tem como objetivo o consumo consciente de recursos naturais, a valorização do capital humano e o comprometimento com as legislações. Com a adoção de práticas ESG, esses objetivos tornam-se uma realidade e, a médio e longo prazo, podem ajudar a reduzir custos na empresa.
Despesas com a contratação de novos talentos, fontes de energia utilizadas no processo produtivo ou uso de materiais descartáveis, por exemplo, podem ser eliminadas com ações mais sustentáveis. Há também a possibilidade de ampliar a rentabilidade do negócio. De acordo com a MSCI, empresas com maiores classificações ESG tiveram retornos financeiros 2,5% acima daquelas que não seguem essas pautas.
Consolidação da marca
Em relação aos clientes, as ações da agenda ESG podem contribuir para a confiabilidade da marca e melhorar o contato entre empresa e consumidor, criando uma conexão duradoura. O fortalecimento da marca também pode levar a um aumento do valor de mercado, ampliando a atração e a fidelização de consumidores, investidores e talentos para compor a equipe da empresa.
Quando o Sistema DIBE é utilizado nesse processo, as empresas têm a oportunidade de conquistar um Selo de Bem-Estar, o que agrega ainda mais valor e consolida ainda mais a marca.
Atração de investidores
Incorporar essas estratégias no negócio tende a impulsionar a inovação, característica considerada prioridade pelos investidores. Isso porque as empresas tendem a se adaptar melhor às mudanças e demandas do mercado, uma vez que estão atentas às tendências e oportunidades de transformação. Assim, novos produtos, serviços, processos e parcerias podem surgir com mais facilidade, mantendo a inovação ativa.
Relacionamento com os consumidores
Segundo estudo realizado pelo Twitter 85% dos consumidores da geração Z concordam que as empresas devem tomar atitudes em prol da sociedade. Ainda de acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados afirmam confiar em marcas que se posicionam sobre pautas sociais.
O ESG pode criar uma conexão emocional entre a marca e os clientes, que se identificam com os valores e o propósito da empresa. Isso pode gerar engajamento, lealdade e defesa da marca, além de abrir novos mercados e oportunidades de negócio.
Controle e transparência organizacional
As práticas ESG podem ajudar na otimização da gestão do negócio, o que impacta diretamente no controle de processos internos, como na regularidade do compliance e no fortalecimento das relações governamentais. O conceito também influencia positivamente outros fatores que contribuem para o desenvolvimento do negócio, como a atração de talentos e o engajamento dos colaboradores, por exemplo.
Por que o ESG ainda é um desafio?
Ao considerar o número de companhias com certificação B, selo que reconhece empresas com padrões elevados de desempenho ambiental, social e de governança, é possível observar o cenário da agenda ESG no Brasil. O selo é internacional e concedido a mais de 6 mil empresas ao redor do mundo. No Brasil, são 285 organizações certificadas pelo Sistema B.
Cada organização deve avaliar seus impactos e, a partir disso, definir o melhor caminho para atingir seus objetivos de sustentabilidade e encontrar as causas mais alinhadas com suas particularidades. Padronizar essas métricas pode ser um dos desafios que tende a tornar mais complexa a caminhada até os padrões elevados de ESG.
Além disso, a necessidade de transformar a mentalidade do mercado sobre as pautas ESG e os investimentos para tornar a operação mais sustentável também podem aparecer como dificuldades nesse processo.
Como criar uma agenda ESG?
As empresas podem personalizar suas estratégias de acordo com as necessidades e objetivos do negócio, mas há uma agenda global que reúne as principais questões relacionadas a essas pautas. Essa agenda conta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, conhecidos pela sigla ODS, definidos pela ONU. As organizações podem ter esses pontos como referência para começar.
E o Sistema DIBE pode ajudar mais uma vez nesse processo, ao atuar diretamente nos ODS 3 e 8, relacionados à saúde e bem-estar e aos ambientes de trabalho mais humanos.
Além disso, outros passos para implementar uma agenda ESG são:
– fazer um diagnóstico da situação atual da empresa;
– estruturar um plano de ação a partir dos resultados desse diagnóstico;
– usar a tecnologia para facilitar a implementação de ações sustentáveis;
– definir métricas para acompanhar e avaliar o desempenho das práticas aplicadas na organização;
– compartilhar o plano com os envolvidos na operação, como investidores e colaboradores.